sexta-feira, 20 de março de 2009

Combinação cromática almodovariana

Revisito um tema muito caro a mim: as cores de Almodóvar. Não consigo determinar se elas são acessórios ou dividem a cena em igualdade com os protagonistas do emblemático diretor espanhol, mas é notória a força impressa por elas em sua obra.

Casacos verdes e paredes encarnadas. Sofás, sangue, pichações, bolsas, carros. Todo o universo pode e deve ter a assinatura do premiado roteirista e diretor. Suas mulheres destemidas e personagens fortes contaminam e são contaminadas pela presença perturbadora dos objetos cênicos que gritam na tela.O panorama muda conforme o observamos.


Prestando mais atenção às vias públicas, enxerguei o mundo pelos olhos de Almodóvar. Atravessando a rua, me deparo com um sinal para os pedestres — em uma das vias — verde...e no outro...vermelho.

Seguindo adiante, um corredor pratica sua atividade física tranquilamente na orla da praia. Traja regata vermelha e é ladeado por um jardim completamente...verde...Até uma logomarca do Mc Donald's com folhagem ao fundo é algo pertinente a essa realidade paralela.

Exagerado e magnífico. Este é Almodóvar. Admiro tamanha percepção sobre as pessoas. Os pensamentos e atitudes bizarros, extremos, paixões, dissabores e lutas travadas contra dores intermináveis são retratados de maneira excepcional.

Ao entrar em contato com o mundo verde e vermelho, aceitamos o inaceitável, justificamos o injustificável e passamos a achar até essa combinação cromática interessante.

09/01/2007

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