sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vidas que se cruzam

A história é um prato cheio para análise de um especialista comportamental. Mariana/ Sylvia é uma personagem densa e suas camadas vão se evidenciando ao longo da narrativa. Da mesma forma, Gina, sua mãe, também tem um passado marcado por dramas e lutas. No amor fora do casamento, encontra uma razão para viver e purgar seu sofrimento. Nessa trama criada em formato de mosaicos, Charlize Theron (filha) se entrega à personagem, ao passo que Kim Bassinger (mãe) passa meio blasé pelos acontecimentos.


O filme postula ao fogo a responsabilidade de gravar nos personagens marcas que levarão para sempre consigo, na vida e na morte. Aliás, o início e o limiar da existência estão sempre diante das pessoas ao longo das cenas. Há sempre algo a esquecer, a perdoar, a superar. A retomada da vontade de viver está subordinada a um choque brusco. Invariavelmente.

Esse estilo, consagrado por Guillermo Arriaga nos filmes em que atuou exclusivamente como roteirista (aqui ele assina o roteiro e, pela primeira vez, a direção), como Babel e 21 Gramas, mais uma vez é executado com precisão. Os recortes impostos às cenas não confundem o espectador. Ao contrário, o instiga a descortinar as vidas ali retratadas. Sensível e envolvente!

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